Duas espinhas no nariz

É... pedi demissão.

Uma semana me empanturrando de chocolate e tentando manter (em vão) meus pensamentos longe do que poderia acontecer no grande dia. Como falar? Com que cara olhar? Qual seria o melhor momento? Muitas coisas passaram por minha cabeça. No fim, acabei ganhando duas espinhas no nariz e o momento passou mais rápido do que eu imaginava.

Cheguei à conclusão de que não existe uma regra para essas coisas, e muito menos uma forma pré definida de falar optando por usar palavras difíceis e/ou adequadas. Quando chega a hora, a única coisa que você pensa é que quer sair daquela situação o mais rápido possível, e o que sai da sua boca (por mais que possa jurar que mesmo fazendo força não sairia nada) é apenas a verdade dita sem pausas. É como jogar um balde de água fria na cara de uma pessoa. Assimilar de imediato o que você fez é a última coisa que vai acontecer. No meu caso, aconteceu só no outro dia.

Acontece que, como comecei à trabalhar de forma relativamente fácil e rápida (indicações e etc), nunca tive que me preocupar com muitas entrevistas, ficar em dúvida entre Currículo e Curriculum, momentos tensos de conversa séria e essas coisas, por conta disso nunca aprendi a lidar com situações assim. Mas, como tudo tem sua primeira vez, a minha também chegou, e trouxe com ela um dia inteiro de dor no maxilar por conta de mordidas espontâneas, falta de apetite e mãos geladas, sem contar no frio na barriga toda vez que olhava no relógio e via que para as 18hrs faltava pouco.

Depois que aconteceu, o alívio foi tão grande que deu vontade de sair cantarolando, e as coisas pareciam estar mais coloridas e felizes. Até a lua sorriu pra mim como num sinal de aprovação pelo feito. Uma sensação gostosa de fazer a coisa certa.
Ainda não caí na real, e ainda não consigo me imaginar passando minhas tardes em outro lugar, mas as coisas vão mudar agora, e pra melhor. De fora pra dentro, de dentro pra fora.

Claro que esse post é apenas o relato de alguém que já não conseguia mais ser feliz com o que estava fazendo, e tomar essa medida drástica não deve ser exemplo pra ninguém. É preciso pensar (e muito) em todos os prós e contras. Estou deixando muita coisa pra trás que sei que vou sentir muita falta, pessoas que foram (e são) muito importantes pra mim, quase que da minha família, mas no meu caso senti que essa seria a hora.

O lado bom de tudo, é que agora vou poder me empenhar de verdade naquilo que amo fazer, e ainda ajudar minha família nos negócios, mas de forma mais livre. Estamos com muitos planos e temos certeza de que Deus está conosco nessa. E antes que esse post vire a 2ª Bíblia, finalizo com uma pequena lista que comecei a escrever (e não consegui terminar) antes de ter certeza do que iria fazer, das coisas que vou sentir falta.

O ar condicionado nos dias quentes
O café expresso durante as tardes difíceis
A internet roubada do posto de gasolina
Os horários de almoço tricotando na copa
Os desabafos e correrias em fechamentos de mês
O contato com gente cada vez mais diferente
As feiras de decoração e jantares em restaurantes chiques
As confraternizações de fim de ano
A excitação que precede o período de férias
A decoração de fim de ano com bolinhas no bambu


e por aí vai...

Duas espinhas no nariz

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