O que aconteceu com minha letra?

O fato de que o tempo passa e leva com ele um bocado de coisas, não é novidade pra ninguém, mas que ele pode levar até sua capacidade de escrever e agradar aos outros com sua letra é algo que realmente me impressionou.
Lembro que minha antiga chefe, no meu antigo emprego, tinha uma letra extremamente desgrenhada, pior que de criança. Ela sempre justificava sua descoordenação pela falta de prática, sabe? Aquelas coisas do mundo moderno, de digitar ao invés de escrever e etc. Eu, no fundo, nunca acreditei.

Acabou que, o destino se encarregou de me fazer pagar por pensar mal da coitada, me fazendo sentir na pele que essa coisa de parar de escrever realmente prejudica a gente. Meu caso de disgrafia começou com a faculdade onde éramos obrigados à escrever muito rápido sob superfícies nem sempre adequadas. Ter aulas na praça nem sempre é só alegria, tá vendo? Fazer mil anotações para ter como me defender depois, no caso dos professores com problemas sérios de bipolaridade crônica que se contradiziam a cada aula, acabava me fazendo optar pelos blocos de texto do iPhone.

Acho que o pior é ter sido elogiado desde pequeno pela letra bonita, isso meio que acabou deixando meu ego tão mal acostumado que agora não aceita e faz cara feia toda vez que alguém diz que não entende o que escrevo.

Ontem aconteceu algo aqui na loja que, pra mim (e para meu ego até então inflado) foi a gota d'água. Ela me pediu para trocar a etiqueta de uma peça, mas que era pra mandar alguém reescreve-la pra mim. Olhei pra ela com um sorriso amarelo e disse: ok, muito obrigado!. Muito obrigado por ter feito um furo no meu ego e me incentivado à tomar uma decisão.

Ontem comprei um caderno de caligrafia.