Das coisas que trago dos tempos de criança.

Brincar de lojinha com meus primos aos sábados (vendendo todo e qualquer tipo de objeto encontrado em casa) com os "dinheirinhos" do banco imobiliário. O mais engraçado era quando o "comprador" pegava cerca de 30 itens e o "atendente" dizia só isso? com uma cara séria de atendente de loja mal humorado.
Quando enjoávamos de brincar de loja partíamos para escritório. Cada um pegava uma mesinha, banco ou qualquer coisa que pudesse substituir uma (mini) mesa de escritório. Tínhamos até crachá (com recortes de gibi da turma da Mônica no lugar da foto 3x4 (eu era sempre o anjinho (?))). Era divertido. Anos mais tarde descobri que trabalhar num escritório não é nada legal. Detesto crachás.
Sempre depois desses dias divertidos minha mãe preparava uma jarrona de leite com chocolate batido com gelo. Às vezes era suco de cajú.

Passear pelas barraquinhas de apetrechos da praia e comprar um colarzinho do Mickey escondido do meu pai, e passar o resto das férias escondendo isso dele isso é coisa de menina. Sentir inveja do meu primo cujo pai não ligava pra isso (o mesmo, hoje, não liga pra nada de verdade).

Bichinho virtual. Tudo começou num aniversário (não lembro de quem, só sei que era na casa onde eu morava), quando minha prima chegou com o dela. Aquilo era a novidade... todos ficamos babando quando vimos que era possível interagir com ele. Aquela bolinha dançante na tela podia comer, tomar banho, ficar doente e brincar. Demorou um tempo até que eu ganhasse o meu. Aí ele quebrou, meu pai comprou outro, e ele quebrou... assim até eu ganhar o 9º (um deles "morreu" afogado na praia, quando pulei na água esquecendo completamente que ele estava preso num cordão no meu pescoço).
Minha outra prima, sempre híper criativa, inventou de criar casinhas pra eles (Dinkie Dino). Era feito dentro de uma caixa de sapato com pedaços de papelão cortados para dividir os ambientes. Os móveis eram feitos de embalagens de palito de fósforo revestidos de papel de presente. Não lembro direito pra que aquilo servia, nem como funcionava a brincadeira, mas posso dizer que foi minha primeira experiência com uma maquete de interiores.

Logo depois dos virtuais vieram os bichinhos de verdade. Meus dois primeiros hamsters chamaram Tigor e Lilica (conhece as marcas?). Eram lindos. Moravam numa gaiola simples, com uma rodinha porcaria que enroscava suas perninhas finas de hora em hora. Eu dava banho neles semanalmente (com água e shampoo), e sinceramente não sei como é que eles viveram tanto tempo (hamsters não tomam banho com água). Às vezes juntávamos todos eles (de todos os primos), e vez ou outra saia uma briga. Certa vez eu fui mordido por um tentando apartar uma briga, joguei o coitadinho longe, a sorte foi estarmos todos sentados no chão e ele só deslizar pelo piso. Depois de um tempo surgiu um boato de que eles transmitiam doenças. Fui obrigado à vender com gaiola e tudo. Em janeiro fazem dois anos que estou com o Godofredo, que está super bem acomodado em sua mansão. Esse negócio de transmitir doenças, é mesmo apenas um boato.

Tardes sozinhos na casa da minha prima (nossos pais foram no enterro de algum parente), ouvindo Sandy & Junior e combinando de fazer coisas doidas como sair na rua com roupas invertidas (meninos com roupas de meninas, e meninas com roupas de meninos), lógico que não aconteceu, mas aposto que se fosse hoje, em época de carnaval, passaríamos despercebidos. Era o máximo quando ganhávamos 10 dinheiros para fazer compras em lojas de 1,99. Naquela época podia-se comprar muito com apenas isso. Voltávamos cheio de inutilidades.

Passei grande parte da minha infância em contato constante com meus primos. Nasci numa casa que dava fundo com a casa de um deles. Posso dizer que me diverti muito, fato que me fez dispensar qualquer tipo de outra amizade externa. Fato que, quando me deparei com todos os meus primos casados (ou quase), fez com que eu me sentisse sozinho e perdido. Já superei.

Pablo, 3 ou 4 anos. Foto feita por aqueles fotógrafos que vão até a escola, e depois cobram um absurdo pelo álbum. Meus pais compraram apenas duas.