Porque as coisas simplesmente acontecem.

Já haviam alguns dias em que eu percebi que alguma coisa de errado estava acontecendo com ela. Faltava com muita frequência na faculdade e certa vez ouvi numa conversa sussurrada um assunto meio estranho. Desconfiava, mas não tinha certeza do que era, de fato.
Certo dia (não consigo me recordar muito bem como surgiu o assunto), ela me puxou e disse, vamos conversar? Juntos caminhamos até a cantina. Em meio à tanta gente falando alto (com certeza assuntos não tão sérios como o nosso), ela chorando me contou o que acontecia. Disse que conhecia um moço que tinha a solução para o problema, mas que não sabia o que fazer. A mãe dela ainda não sabia, e ela desesperada me perguntava se contava ou não, se fazia ou não. Eu, perdido nesse mundo, acostumado com minha vida sempre sem muitos altos e baixos, nunca passei por nada parecido, muito menos tive de tomar qualquer decisão tão complexa (quer dizer, uma vez sim... mas deixo esse assunto para uma próxima oportunidade), não soube orientar a coitada. Dei minha opinião sobre o que penso, mas como não era eu que estava passando por isso, não pude ajudar. Mas acho que o simples fato de ter ouvido, já aliviou um pouco, assim espero. Bom, só sei que ela tomou a decisão certa (na minha opinião), contou pra mãe e dispensou a ajuda do amigo. Hoje, considera esse antigo problema, um presentão de Deus.


Algumas coisas foram deixadas para trás sim, mas quem disse que a gente sabe exatamente qual a hora certa pra tudo na vida? As coisas simplesmente acontecem.

Nunca fui de muitos amigos, e os poucos que tive nunca souberam tanto de mim. Consigo contar nos dedos (de apenas uma das mãos) a quantidade de amigos que me conhecem profundamente, alguns que hoje já não tenho mais contato, mas sei que posso contar com eles à qualquer momento. A Bia está entre eles.