Estava apresentando o projeto quando chegamos à terceira suíte da casa - as outras duas são dos seus dois filhos, que tive a oportunidade de conhecer numa das primeiras reuniões - e ela, um pouco sem jeito me contou que há seis meses havia perdido seu filho mais novo (2 aninhos). Na hora fiquei sem saber o que dizer ou fazer, nunca soube como reagir nesses tipos de situações. Não sei o que é indelicado dizer ou fazer. Depois de alguns poucos e constrangedores segundos, ela voltou à olhar pro monitor e perguntar qual material eu havia sugerido. Tocamos novamente no assunto pouco depois, mas não quis entrar muito em detalhes pois imagino como deve ser difícil. Na verdade não sei não, acredito que essa dor seja insuportável, algo fora da capacidade humana de lidar, e só sabe como é quem já passou por uma situação igual ou parecida. No final ela me contou que estava construindo outra casa para sair da antiga, pois já não lembra a última vez que conseguiu dormir, e que as lembranças e a saudade são insuportáveis.
Passei o resto do dia pensando, e até quando fui dormir não consegui tirar isso da cabeça. Me fez pensar em todas as vezes que reclamei de pequenas coisas tão insignificantes, coisas que são resolvidas tão facilmente. A verdade é que não damos valor ao que temos. Ingratos. Somos felizes e mesmo assim nos sentimos insatisfeitos.
Desejei todas as felicidades do mundo pra ela, e no fim acabei dando até um desconto além do que poderia, tadinha, ela merece né?
